sábado, 28 de junho de 2008

TRANSTORNO DE DÉFICIT DE ATENÇÃO / HIPERATIVIDADE

DAH - informações e orientações

O estudo do TDAH - Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade (denominação dada na 4ª edição no manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais – DSM-IV) da Associação Psiquiátrica Americana-APA não é recente. Estudos científicos sobre o assunto vêm sendo realizados desde o começo do século XX.

Um dos primeiros autores a escrever sobre o assunto foi Dupré, no período da Primeira Guerra Mundial, que acreditava tratar-se de uma lesão cerebral mínima. Mais tarde, em 1962, num simpósio de Oxford, foi oficializado a expressão Disfunção Cerebral Mínima. Em 1966, um grupo de estudos concluiu que esta disfunção pode originar-se de variações genéticas, irregularidades bioquímicas, sofrimento perinatal, moléstias ou traumas sofridos durante os anos críticos para a maturação do sistema nervoso central.

Esta expressão foi utilizada no meio científico até 1980, quando a Associação Psiquiátrica Americana propôs uma nova denominação: Síndrome do Déficit de Atenção. Esta denominação passou a englobar tanto a hiperatividade como as demais funções que originam da falta de maturação do sistema nervoso central tais como: incoordenação motora, falta de equilíbrio, distúrbios de fala, alteração de sensibilidade, distúrbios de comportamento e dificuldades escolares.

George Frederic Still, em 1902, fez alguns estudos com grupos de crianças que apresentavam características agitadas, desafiadoras, agressivas, passionais, com a finalidade de obter delas um comportamento mais aceitável. Descobriu que, por não existirem maus tratos pelos pais, os problemas deveriam ser de origem biológica, pois alguns membros da família possuíam problemas psiquiátricos como depressão, problemas de conduta, alcoolismo, dentre outros (HALLOWELL, 1994, p. 271).

CAUSAS

Hoje é sabido que a ocorrência de ADD (do inglês: Attention Déficit Disorder) está muitas vezes relacionada a problemas durante a gravidez e parto.

“As chances de uma criança sofrer de hiperatividade e Déficit de Atenção aumenta se a mãe fumar na gravidez. Médicos da Universidade de Harvard notaram que 22% dos pacientes estudados eram filhos de fumantes” (VEJA, 1996, p. 18)

Complicações perinatais, ingestão de álcool e utilização de drogas durante a gravidez, infecção do Sistema Nervoso Central na primeira infância, efeitos colaterais de certas medicações, predispõem a Déficits de Atenção. Causas ambientais, tais como, desvantagem social, famílias numerosas e superlotação também já foram apontadas.

Muitos autores ligam o TDAH ao consumo de alguns alimentos durante a gestação e também o contato de gestantes com alguns produtos químicos como ceras, desinfetantes, detergentes, removedores que poderiam causar danos ao feto, porém nada foi comprovado. Hipóteses místicas também já foram apontadas não possuindo, porém, nenhum fundamento científico.

Sua origem é genética e seus portadores apresentam uma taxa menor de dopamina, um neurotransmissor responsável pelo controle motor e atenção, tendo como conseqüência a falta de concentração, característica primordial do hiperativo, e o esquecimento daquilo que lhe é pedido.

A incidência é maior em meninos, chegando a 80% dos casos, do que em meninas, e por esse motivo pode estar relacionado ao hormônio masculino, a testosterona. Em alguns casos, meninas com TDAH apresentam gestos masculinos e fala grossa como conseqüência de um aumento nessa taxa de hormônio.

Chega a atingir de 3 a 5% da população escolar infantil, provocando baixo rendimento escolar, baixa auto-estima e dificultando os relacionamentos entre os colegas (SMITH e STRICK, 2001).

Pestinhas, diabinhos, distraídos, desobedientes, agitados. Estes são alguns dos adjetivos usados para definir o indivíduo que sofre de ADD, um problema que atinge, em todo o mundo, cerca de 5% das crianças e adolescentes. Um dos distúrbios de atenção, muitas vezes confundido com indisciplina, é o chamado hiperatividade.

HIPERATIVIDADE

Para caracterizar um hiperativo é importante se levar em conta o tempo que a criança começou a apresentar os sintomas. Segundo o DSM IV (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais) os sintomas deverão ser ininterruptos e com duração mínima de seis meses sem limitar-se a apenas uma situação.

A criança não precisa, necessariamente, apresentar todas as características descritas, mas parte delas. Porém é importante que seja observado com muito cuidado porque existem crianças que apresentam algumas destas características, mas não são hiperativas, são crianças agitadas devido a alguma situação pela qual esteja passando ou mesmo como se chama “mal educadas”.

CARACTERÍSTICAS:

Uma criança ou um adulto hiperativo pode estar em qualquer lugar; batendo os pés, sentando e levantando a todo o momento, cantando sem parar, assobiando em horas impróprias, distraindo-se com facilidade, impacientes em filas, não se mantêm sentado durante as refeições, não se concentra em um canal de televisão mudando sempre, faz movimentos desnecessários com o corpo, possui gestos bruscos, tem sono agitado, perde-se no tempo.

Quando bebês, normalmente possuem sono intranqüilo, mexendo-se muito, ao começar a andar tropeçam e se esbarram mais do que o normal. Podem apresentar um retardo na fala e troca de letras por um período maior.

Na realidade não podemos dizer que esta criança não presta atenção a alguma coisa, mas sim a várias coisas ao mesmo tempo e por isso distrai-se facilmente.

O hiperativo apresenta certa incoordenação motora. Possui dificuldade para andar de bicicletas, patins, pular cordas, subir em árvores, abotoar roupas, amarrar sapatos, fazer recortes com tesoura, arremessar bola etc.

Conforme Golfeto, a criança hiperativa apresenta dificuldade em distinguir direita de esquerda, alterações de memória visual e auditiva, em orientar-se no espaço, fazer discriminações auditivas, em elaborar sínteses auditivas, além de possuir má estruturação do esquema corporal (1992, p. 12).

Em geral, é desorganizada, distraída, esquecida, bagunceira, não gosta de limites, possui dificuldades em completar tarefas, e nos relacionamentos com colegas. Estas características ficam mais evidentes e perceptivas no período escolar cujo nível de concentração deve aumentar para que ocorra a aprendizagem.

Na escola é a criança problema, respondendo aos professores com agressão, não respeitando limites, xingando e batendo nos colegas, não se concentrando e atrapalhando as aulas, o que prejudica seu rendimento escolar.

Geralmente é apontada como desorganizada pelos professores. Quando começa uma atividade quase sempre não a faz ou deixa pela metade, interessando-se por outra e depois por outra e assim nunca conclui o que começou, prejudicando sua aprendizagem. Por não conseguir terminar suas tarefas, não parar quieto na sala, mexer com todo mundo atrapalhando a aula, é bombardeada por palavras desagradáveis seja por partes dos professores ou colegas. Esta atitude tende a baixar sua auto-estima.

Em casa deixa os pais desorientados. Bagunça o quarto, sobe em armários, não senta à mesa para refeições, não obedece. Os pais devem estar atentos para quando perceber um comportamento excessivamente agitado e unindo às queixas escolares, procurar um especialista. É importante que as queixas não sejam somente em casa, mas que se apresentem em outros lugares também, assim descarta-se a hipótese de querer aborrecer os pais por algum motivo que lhe esteja incomodando como o nascimento de um irmão, os pais trabalharem fora muito tempo e não lhes dar atenção etc.

BAIXA AUTO-ESTIMA E COMPORTAMENTO DE RISCO

O hiperativo normalmente é rejeitado pela sociedade. Seu comportamento inadequado prejudica a concentração dos colegas que passa a excluí-lo. Esta exclusão pode levar o indivíduo a desenvolver problemas psicológicos podendo tornar-se introvertido ou agressivo, exibicionista e com baixa auto-estima acentuadas.

Estas pessoas têm tendência a comportamentos de alto risco tais como vícios, jogatina, temperamento explosivo e acidentes. Como já foi citado, anteriormente, elas não possuem exata noção de limites e unindo à sua baixa auto-estima tentam fugir de seus problemas através destes vícios.

Crianças hiperativas adoram correr riscos, pois não possuem a exata noção de perigo e limites. Podem se machucar com muita facilidade, sendo desajeitadas, esbarrando-se em copos, mesas, pessoas, levando os pais a prejuízos por danos causados a terceiros ou a elas mesmas, como atravessar uma rua sem olhar para os lados devido a sua impulsividade e falta de atenção.

O ADULTO COM TDAH

O adulto hiperativo apresenta problemas no trabalho e no relacionamento, bem como problemas emocionais.

Eis algumas características observadas:

- É desorganizado;

- Perde coisas;

- Chega quase sempre atrasado;

- Diz o que vêm à mente sem preocupação se o lugar é apropriado;

- Explode com facilidade;

- Sente-se inseguro;

- É inquieto estando sempre mexendo pernas, dedos, joelhos;

- É impaciente, em filas de banco está sempre reclamando ou acaba desistindo;

- Não fica sentado muito tempo saindo de onde estiver com freqüência;

- Baixa auto-estima;

- Tem muitos projetos ao mesmo tempo e acaba não terminando nenhum;

- Atrapalha-se com horários por causa da desorganização;

- Sente-se inferior aos outros;

- Possui dificuldade de concentração;

- Esquece-se o que estava falando;

- Sente-se inferior aos outros;

- Tem sempre a sensação que não vai conseguir alcançar seus objetivos.

Em decorrência destes fatores, o adulto hiperativo possui dificuldades em se manter no emprego, ou o abandona por tédio.

A família poderá ajudá-lo não fazendo críticas, libertando-o da culpa que provavelmente sentirá ao não conseguir manter-se no emprego, concluir tarefas ou alcançar seus objetivos.

Incentivá-lo a buscar ajuda com um especialista.

De acordo com a Associação Brasielira do Déficit de Atenção alguns adultos tiveram TDAH na infância e ainda tem alguns sintomas na vida adulta, porém em menor quantidade e sem existir muitos problemas causados pelos sintomas e quando ocorrem eles aparecem apenas em uma única situação, como o trabalho, por exemplo, mas não em nenhuma outra.

DIAGNÓSTICO

Um diagnóstico e tratamento corretos poderão ajudar a criança a diminuir as repetências, elevar sua concentração por um período maior de tempo, evitar depressão, superar problemas de relacionamento, ajudá-lo na orientação vocacional, evitar envolvimento com drogas.

Até pouco tempo acreditava-se que os sintomas de TDAH desapareciam na adolescência e na vida adulta. Muitos ainda acreditam que só ocorre no período da infância. Entretanto, recentes pesquisas mostraram que 50% a 75% dos casos continuam na idade adulta. Há casos que a hiperatividade tende a diminuir ou desaparecer devido a um amadurecimento do cérebro que acaba equilibrando a produção de dopamina.

Muitos pais demoram muito de procurar ajuda ou não aceitam um diagnóstico de hiperativo, por achar que é coisa da idade, que toda criança é agitada mesmo, que isso irá passar. Porém quando o problema demora a ser diagnosticado, o hiperativo, a partir da sua puberdade, pode procurar as drogas, o álcool, praticar agressões sexuais, a fim de tentar superar suas dificuldades em adaptar-se à vida social, e em alguns casos podem cometer até o suicídio.

O diagnóstico de um especialista é importante porque nem sempre aquela criança agitada é hiperativa.

A hiperatividade poderá ser confundida com outras patologias ou mesmo vir junto com estas, tais como: autismo, deficiência auditiva, dislexia, deficiência mental, que pode tornar o diagnóstico difícil, tendo, portanto que ser realizado por um profissional especializado.

Muitos pais ou adultos hiperativos buscam várias especialidades para fazer um diagnóstico, e muitas vezes não conseguem chegar a um consenso.

Para fazer o diagnóstico, é indicado um psiquiatra, que deverá fazer uma anamnese com pais e pessoas de seu convívio como professores, empregadas e terapeutas se estiver sendo acompanhado por alguém.

De acordo com a Associação Brasileira do Déficit de Atenção Eletroencefalograma, o Mapeamento Cerebral, a Tomografia Computadorizada, a Ressonância Magnética e o Potencial Evocado não podem fornecer este diagnóstico!

Apresentamos abaixo um guia extraído do site da Associação Brasileira do Déficit de Atenção (http://www.tdah.org.br/diag01.php), extraído do Manual de Diagnóstico e Estatística - IV Edição (DSM-IV) da Associação Psiquiátrica Americana. É utilizado por profissionais especializados em TDAH para o diagnóstico clínico.

Lembre-se: você poderá até utilizá-lo com alguém que conhece para uma suspeita de um quadro de hiperatividade, porém não substitui de forma alguma o diagnóstico de um profissional.

Nem um pouco

Só um pouco

Bastante

Demais


1. Não consegue prestar muita atenção a detalhes ou comete erros por descuido nos trabalhos da escola ou tarefas.





2. Tem dificuldade de manter a atenção em tarefas ou atividades de lazer





3. Parece não estar ouvindo quando se fala diretamente com ele





4. Não segue instruções até o fim e não termina deveres de escola, tarefas ou obrigações.





5. Tem dificuldade para organizar tarefas e atividades





6. Evita, não gosta ou se envolve contra a vontade em tarefas que exigem esforço mental prolongado.





7. Perde coisas necessárias para atividades (p. ex: brinquedos, deveres da escola, lápis ou livros).





8. Distrai-se com estímulos externos





9. É esquecido em atividades do dia-a-dia





10. Mexe com as mãos ou os pés ou se remexe na cadeira





11. Sai do lugar na sala de aula ou em outras situações em que se espera que fique sentado





12. Corre de um lado para outro ou sobe demais nas coisas em situações em que isto é inapropriado





13. Tem dificuldade em brincar ou envolver-se em atividades de lazer de forma calma





14. Não pára ou freqüentemente está a “mil por hora”.





15. Fala em excesso.





16. Responde as perguntas de forma precipitada antes delas terem sido terminadas





17. Tem dificuldade de esperar sua vez





18. Interrompe os outros ou se intromete (p.ex. mete-se nas conversas / jogos).
















Como avaliar

1) se existem pelo menos 6 itens marcados como “BASTANTE” ou “DEMAIS” de 1 a 9 = existem mais sintomas de desatenção que o esperado numa criança ou adolescente.

2) se existem pelo menos 6 itens marcados como “BASTANTE” ou “DEMAIS” de 10 a 18 = existem mais sintomas de hiperatividade e impulsividade que o esperado numa criança ou adolescente.

O questionário SNAP-IV é útil para avaliar apenas o primeiro dos critérios (critério A) para se fazer o diagnóstico. Existem outros critérios que também são necessários.

IMPORTANTE: Não se pode fazer o diagnóstico de TDAH apenas com o critério A! Veja abaixo os demais critérios.

CRITÉRIO A: Sintomas (vistos acima)

CRITÉRIO B: Alguns desses sintomas devem estar presentes antes dos 7 anos de idade
CRITÉRIO C: Existem problemas causados pelos sintomas acima em pelo menos 2 contextos diferentes (por ex., na escola, no trabalho, na vida social e em casa)
CRITÉRIO D: Há problemas evidentes na vida escolar, social ou familiar por conta dos sintomas

CRITÉRIO E: Se existe um outro problema (tal como depressão, deficiência mental, psicose, etc.), os sintomas não podem ser atribuídos exclusivamente a ele.

Como suspeitar do diagnóstico:

1) É necessário haver pelo menos 6 sintomas assinalados na coluna laranja ou vermelha, no CRITÉRIO A.

Pelo menos 6 sintomas VERDES e menos que 6 sintomas ROSA: TDAH Tipo Predominantemente Desatento

Pelo menos 6 sintomas ROSA e menos que 6 sintomas VERDES: TDAH Tipo Predominantemente Hiperativo-Impulsivo

6 ou mais sintomas VERDES e 6 ou mais sintomas ROSA: TDAH Tipo Combinado.

2) Os CRITÉRIOS B, C, D devem obrigatoriamente ter resposta SIM.

3) O CRITÉRIO E necessita da avaliação de um especialista, uma vez que os sintomas do Critério A ocorrem em muitos outros transtornos da infância e adolescência.

Se os critérios A, B, C, D e E estiverem atendidos de acordo com o julgamento de um especialista, o diagnóstico de TDAH é garantido.

TRATAMENTO

Segundo a ABDA, a psicoterapia indicada para o tratamento do TDAH chama-se Terapia Cognitivo Comportamental. Informa ainda que o tratamento com fonoaudiólogos é recomendado onde existe simultaneamente Transtorno de Leitura (Dislexia) ou Transtorno da Expressão Escrita (Disortografia).

O TDAH não é um problema de dificuldade de aprendizagem, porém o comportamento da criança atrapalha muito seu rendimento. O psicopedagogo poderá ajudá-lo a obter maior concentração através de jogos e outras técnicas.

Para um tratamento adequado é importante um trabalho multidisciplinar envolvendo pais, professores e terapeutas. Deverá ser traçadas estratégias de como lidar com esta criança em casa, na escola e na clínica para que não haja distorções na maneira de lidar com ela. Criar regras, modificar o ambiente tornando-o mais adequado e menos perigoso, flexibilização no currículo escolar, adequar o tempo dividindo as atividades em partes, por exemplo, são algumas das modificações a serem providenciadas.

Em casos mais graves a psicoterapia sozinha não resolve, sendo indicado o uso de medicamento, porém é totalmente reprovado o uso da automedicação. O medicamento deverá ser indicado pelo médico, mais provavelmente o psiquiatra. Muitos possuem efeitos colaterais, por isso é importante o acompanhamento médico para que ele mude se necessário verificando o mais adequado e o que melhor o paciente se adapta.

TERAPIAS ALTERNATIVAS

Outras terapias alternativas como massagem, Yoga, meditação, Tai-chi-chuan, Liangong, Florais de Bach podem ser utilizadas com crianças maiores. Segundo relatos de professores, crianças submetidas a algumas destas terapias têm-se mostrado, em sala de aula, mais calmas e mais envolvidas nas tarefas.

Uma terapia psicomotricista também é importante para auxiliá-lo no desenvolvimento da coordenação viso-motora, obter maior noção espaço-temporal, a ter maior equilíbrio.

Devemos observar, porém, que estas terapias alternativas não poderão substituir a psicoterapia e o uso de medicamentos se for o caso.

COMO A ESCOLA PODERÁ AJUDAR

E o que a escola pode fazer ao se deparar com alunos hiperativos já diagnosticados? Em primeiro lugar, traçar estratégias para que este aluno não se sinta entediado e não atrapalhe tanto as aulas.

Algumas dicas como estas poderão ajudá-lo:

- Substituir aulas monótonas ou cansativas por aulas mais estimulantes que prendam sua atenção (o professor deverá ter muito preparo e ser bastante flexível com seu planejamento, mas ter cuidado para que o hiperativo não se empolgue demais);

- Estes alunos adoram novidades, lance mão destes recursos não habituais para prender sua atenção. Peça ajuda ao professor de artes para trabalhar de forma interdisciplinar. Estas crianças são muito criativas e se identificam muito com tarefas como criar, construir, explorar. Os adultos hiperativos poderão ter mais sucesso em carreiras ligadas a designers, publicidade, artes plásticas.

-Organize as carteiras em círculo, em forma de U, ao invés de fileiras a fim de visualizar melhor toda a classe e seu movimento;

- Coloque esta criança próxima a outras mais concentradas e calmas, assim ele não encontrará seguidores para sua agitação;

- Traga esta criança para perto de você, assim poderá ver se ela está conseguindo acompanhar seu ritmo, ou se você precisa desacelerar um pouco. Isto o ajudará também a dispersar-se menos.

- Coloque sempre no quadro as atividades do dia para que este aluno perceba que há regras pré-definidas e previamente organizadas e que todos devem cumpri-las sem exceção de ninguém.

- As tarefas não poderão ser longas. Deverão ter conclusão rápida para que ele consiga concluir a tarefa e não pare pela metade, o que é muito comum. As tarefas maiores deverão ser divididas em partes para que ele perceba que elas podem ser terminadas.

- Evite cores muito fortes na sala e na farda como amarelo e vermelho. Cores fortes tendem a deixá-los ainda mais agitados, excitados e menos atentos. Procure colocar tons mais neutros e suaves. Compare com o quarto de um bebê; agora pense: porque ninguém usa cores fortes nele? Estímulo demais não é bom para ninguém.

- Permita que o aluno saia algumas vezes da sala para levar bilhetes, pegar giz em outra sala, ir ao banheiro. Estes alunos não gostam de ficar parados por muito tempo e desta forma estará evitando que ele fuja da sala por conta própria.

- Peça que o aluno faça três riscos no quadro. Isto será o número de vezes que ele poderá sair. Cada vez que ele sair deverá apagar um risco no quadro. Isto funciona como um limite e tende a dar certo porque a criança se controla mais antes de pensar em sair da sala.

- Elogie seu bom comportamento, incentive os colegas a elogiar suas produções, desta forma a turma estará ajudando este aluno a elevar sua auto-estima.

- Uma agenda de comunicação entre pais e escola é muito importante. Isto evita que as conversas se dêem apenas em reuniões.

- As aulas de educação física são um ótimo auxílio para estas crianças que parecem ter energia triplicada. A ginástica ajuda a liberar mais esta energia que parece ser inesgotável, ajuda na concentração através de exercícios específicos, ajuda a estimular hormônios e neurônios, a distinguir direita de esquerda já que possuem problemas de lateralidade que prejudicam muito sua aprendizagem.

Talvez o maior problema que haja em relação ao TDAH está no fato de que ainda haja pouco conhecimento sobre este assunto no âmbito escolar e entre os pais. Muitos indivíduos que sofrem deste problema podem passar a vida toda sendo acusados injustamente de mal-educados, preguiçosos, desastrados, desequilibrados, justamente porque não foi diagnosticado e tratado a tempo.

Portanto, se depois que leu este artigo reconheceu alguém próximo, informe aos pais e oriente-os a procurar ajuda. Peça que deixe de lado os preconceitos e pense somente no bem estar de seus filhos.

BIBLIOGRAFIA

ABDA – Associação Brasileira do Déficit de Atenção – Como diagnosticar crianças e adolescentes - http://www.tdah.org.br/diag01.php

ARAÚJO, Mônica; SILVA, Sheila Aparecida Pereira dos Santos - Comportamentos indicativos do transtorno de déficit de atenção e hiperatividade em crianças: alerta para pais e professores http://www.efdeportes.com/efd62/atencao.htm

GOLFETO, J. H. A criança com déficit de atenção aspectos clínicos, terapêuticos e evolutivos. Campinas, 1993. Documentação não publicada elaborado na Unicamp (Universidade de Campinas).

GONÇALVES, Priscilla Siomara – O trabalho em ambiente escolar com alunos portadores do distúrbio de déficit de atenção com hiperatividade

http://geocities.com/hotsprings/oasis/2826/ddah1.html

Indisciplinado ou hiperativo. In: NOVA escola. São Paulo. Fundação Victor Civita. 2000; Nº32; pp 30-32.

Publicado em 17/11/2004


domingo, 22 de junho de 2008

TERMOS E SIGNIFICADOS NA PSICOPEDAGOGIA E ÁREAS AFINS


OOOi,

Selecionamos abaixo alguns termos utilizado na área de psicopedagogia e saúde. Esperamos que tenha paciência para ler. Se achar que está faltando algo, lembre-se, o profissional deve sempre buscar outras fontes para se aprofundar sobre as causas, sintomas e tratamentos.

Sugerimos visitar o site www.psicopedagogiabrasil.com.br. Lá você vai encontrar informações importantes na area da psicopedagogia.

A seguir os termos, não esqueça, deixe seu comentário.

Beeeijos

  • Aprendizagem - É o resultado da estimulação do ambiente sobre o indivíduo já maturo que se expressa diante de uma situação-problema, sob a forma de uma mudança de comportamento em função da experiência.

  • Agnosia - Etimologicamente, a falta de conhecimento. Impossibilidade de obter informações através dos canais de recepção dos sentidos embora o órgão do sentido não esteja afetado. Ex. a agnosia auditiva é a incapacidade de reconhecer ou interpretar um som mesmo quando é ouvido. No campo médico está associada com uma deficiência neurológica do sistema nervoso.

  • Afasia - Perda da capacidade de usar ou compreender a linguagem oral. Está usualmente associada com o traumatismo ou anormalidade do sistema nervoso central. Utilizam-se várias classificações tais como afasia expressiva e receptiva, congênita e adquirida.

  • Agrafia - Impossibilidade de escrever e reproduzir os seus pensamentos por escrito.

  • Alexia - Perda da capacidade de leitura de letras manuscritas ou impressas.

  • Anamnese - Levantamento dos antecedentes de uma doença ou de um paciente, incluindo seu passado desde o parto, nascimento, primeira infância, bem como seus antecedentes hereditários.

  • Anomia - Impossibilidade de designar ou lembrar-se de palavras ou nome dos objetos.

  • Anorexia - Perda ou diminuição do apetite.

  • Anoxia - Diminuição da quantidade de oxigênio existente no sangue

  • Apnéia - Paragem voluntária dos movimentos respiratórios: retenção da respiração.

  • Apraxia - Impossibilidade de resposta motora na realização de movimento com uma finalidade. A pessoa não realiza os movimentos apesar de conhecê-lo e não ter qualquer paralisia.

  • Ataxia - Dificuldade de equilíbrio e de coordenação dos movimentos voluntários.

  • Autismo - Distúrbio emocional da criança caracterizada por incomunicabilidade. A criança fecha-se sobre si mesma e desliga-se do real impedindo de relacionar-se normalmente com as pessoas. Num diagnóstico incorreto pode ser confundido com retardo mental, surdo-mudez, afasia e outras síndromes.

  • Bulimia - Fome exagerada de causa psicológica.

  • Catarse - Efeito provocado pela conscientização de uma lembrança fortemente emocional ou traumatizante até então reprimida.

  • Catatonia - Síndrome complexa em que o indivíduo se mantém numa dada posição ou continua sempre o mesmo gesto sem parar. Persistência de atitudes corporais sem sinais de fadiga.

ü Cinestesia - Impressão geral resultante de um conjunto de sensações internas caracterizado essencialmente por bem-estar ou mal-estar.

  • Complemento (Closure) - Capacidade de reconhecer o aspecto global, especialmente quando uma ou mais partes do todo está ausente ou quando a continuidade é interrompida por intervalos.

  • Consciência fonológica - Denomina-se consciência fonológica a habilidade metalinguística de tomada de consciência das características formais da linguagem. Esta habilidade compreende dois níveis:
  1. A consciência de que a língua falada pode ser segmentada em unidades distintas, ou seja, a frase pode ser segmentada em palavras; as palavras, em sílabas e as sílabas, em fonemas.
  2. A consciência de que essas mesmas unidades repetem-se em diferentes palavras faladas (rima, por exemplo).

  • Coordenação viso-motora - É a integração entre os movimentos do corpo (globais e específicos) e a visão.

  • Disartria - Dificuldade na articulação de palavras devido a disfunções cerebrais.

  • Discalculia - Dificuldade para a realização de operações matemáticas usualmente ligadas a uma disfunção neurológica, lesão cerebral, deficiência de estruturação espaço-temporal.

  • Disgrafia - Escrita manual extremamente pobre ou dificuldade de realização dos movimentos motores necessários à escrita. Esta disfunção está muitas vezes ligada a disfunções neurológicas.

  • Dislalia - É a omissão, substituição, distorção ou acréscimo de sons na palavra falada.

  • Dislexia - Dificuldade na aprendizagem da leitura, devido a uma imaturidade nos processos auditivos, visuais e tatilcinestésicos responsáveis pela apropriação da linguagem escrita.

  • Disortografia - Dificuldade na expressão da linguagem escrita, revelada por fraseologia incorretamente construída, normalmente associada a atrasos na compreensão e na expressão da linguagem escrita.

  • Disgnosia - Perturbação cerebral comportando uma má percepção visual.

  • Dismetria - Realização de movimentos de forma inadequada e pouco econômica.

  • Dispnéia - Dificuldade de respirar.

  • DSM IV - É a classificação dos Transtornos mentais da Associação Americana de Psiquiatria. Descreve as características dos transtornos apresentando critérios diagnósticos.Ver o DSM IV no site psiqueweb: http://gballone.sites.uol.com.br/

  • Ecolalia - Imitação de palavras ou frases ditas por outra pessoa, sem a compreensão do significado da palavra.

  • Ecopraxia - Repetição de gestos e praxias.

  • Enurese - Emissão involuntária de urina.

  • Esfíncter - Músculo que rodeia um orifício natural. Em psicanálise, na fase anal está ligado ao controle dos esfíncteres.

  • Espaço-temporal - orientar-se no espaço é ver-se e ver as coisas no espaço em relação a si próprio, é dirigir-se, é avaliar os movimentos e adaptá-los no espaço. É a consciência da relação do corpo com o meio.

  • Etiologia - Estudo das causas ou origens de uma condição ou doença.

  • Figura fundo - Capacidade de focar visivelmente ou aditivamente um estímulo, isolando-o perceptivamente do envolvimento que o integra. Ex. identificar alguém numa fotografia do grupo ou identificar o som de um

  • instrumento musical numa melodia.

  • Gagueira ou tartamudez - distúrbio do fluxo e do ritmo normal da fala que envolve bloqueios, hesitações, prolongamentos e repetições de sons, sílabas, palavras ou frases. É acompanhada rapidamente por tensão muscular, rápido piscar de olhos, irregularidades respiratórias e caretas. Atinge mais homens que mulheres.

  • Gnosia - Conhecimento, noção e função de um objeto. Segundo Pieron toda a percepção é uma gnosia.

  • Grafema - Símbolo da linguagem escrita que representa um código oral da linguagem.

  • Hipercinesia - Movimento e atividade motora constante e excessiva. Também designada por hiperatividade.

  • Hipocinesia - Ausência de uma quantidade normal de movimentos. Quietude extrema.

  • Impulsividade - Comportamento caracterizado pela ação de acordo com o impulso, sem medir as conseqüências da ação. Atuação sem equacionar os dados da situação.

  • Lateralidade - Bem estabelecida - implica conhecimento dos dois lados do corpo e a capacidade de os identificar como direita e esquerda.

  • Linguagem interior - O processo de interiorizar e organizar as experiências sem ser necessário o uso de símbolos lingüísticos. Ex.: o processo que caracteriza o analfabeto que fala, mas não lê nem escreve.

  • Linguagem tatibitate - É um distúrbio (e também de fonação) em que se conserva voluntariamente a linguagem infantil. Geralmente tem causa emocional e pode resultar em problemas psicológicos para a criança.

  • Maturação - É o desenvolvimento das estruturas corporais, neurológicas e orgânicas. Abrange padrões de comportamento resultantes da atuação de algum mecanismo interno.

  • Memória - Capacidade de reter ou armazenar experiências anteriores. Também designada como "imagem" ou "lembrança".

  • Memória cinestésica - É a capacidade da criança reter os movimentos motores necessários à realização gráfica. À medida que a criança entra em contato com o universo simbólico (leitura e escrita) vão ficando retidos em sua memória os diferentes movimentos necessários para o traçado gráfico das letras.

  • Morfema - É a menor unidade gramatical. Na palavra infelicidade encontramos três elementos menores cada um chamado de morfema: in (prefixo), felic (radical), idade (sufixo). Os morfemas são utilizados para construir outras palavras: o prefixo in é utilizado em outras palavras como invariável, invejável, inviável, por exemplo.

  • Mudez - É a incapacidade de articular palavras, geralmente decorrente de transtornos do sistema nervoso central, atingindo a formulação e a coordenação das idéias e impedindo a sua transmissão em forma de comunicação verbal. Em boa parte dos casos o mutismo decorre de problemas na audição. Os fatores emocionais e psicológicos também estão presentes em algumas formas de mudez. Na mudez eletiva a criança fica muda com determinadas pessoas ou em determinadas situações e em outras não.

  • Paratonia - É a persistência de uma certa rigidez muscular, que pode aparecer nas quatro extremidades do corpo ou somente em duas. Quando a criamnça caminha ou corre, os braços e as pernas se movimentam mal e rigidamente.

  • Percepção - processo de organização e interpretação dos dados que são obtidos através dos sentido.

  1. Percepção da posição - do tamanho e do movimento de um objeto em relação ao observador.
  2. Percepção das relações espaciais - das posições a dois ou mais objetos.
  3. Consistência perceptiva - capacidade de precisão perceptiva das propriedade invariantes dos objetos como, por exemplo: forma, posição, tamanho etc.
  4. Desordem perceptiva - Distúrbio na conscientização dos objetos, suas relações ou qualidade envolvendo a interpretação da estimulação sensorial.
  5. Deficiência perceptiva - Distúrbio na aprendizagem, devido a um distúrbio na percepção dos estímulos sensoriais.
  6. Perceptivo-motor - Interação dos vários canais da percepção como da atividade motora. Os canais perceptivos incluem: o visual, o auditivo, o olfativo e o cinestésico.
  7. Percepção visual - Identificação, organização e interpretação dos dados sensoriais captados pela visão.
  8. Percepção social - Capacidade de interpretação de estímulos do envolvimento social e de relacionar tais interpretações com a situação social.

  • Preservação - Tendência de continuar uma atividade ininterruptamente; manifesta-se pela incapacidade de modificar, de parar ou de inibir uma dada atividade, mesmo depois do estímulo causador ter sido suprimido.

  • Problemas de aprendizagem - São situações difíceis enfrentadas pela criança com um desvio do quadro normal mas com expectativa de aprendizagem a longo prazo (alunos multirrepetentes).

  • Praxia - Movimento intencional, organizado, tendo em vista a obtenção de um fim ou de um resultado determinado.

  • Rinolalia - Caracteriza-se por uma ressonância nasal maior ou menor que a do padrão correto da fala. Pode ser causada por problemas nas vias nasais, vegetação adenóide, lábio leporino ou fissura palatina.

  • Ritmo - Habilidade importante, pois dá à criança a noção de duração e sucessão, no que diz respeito à percepção dos sons no tempo. A falta de habilidade rítmica pode causar uma leitura lenta, silabada, com pontuação e entonação inadequadas.

  • Sincinesia - É a participação de músculos em movimentos aos quais eles não são necessários. Ex.: coloca-se um objeto numa mão da criança e pede-se que ela aperte, a outra mão também se fechará ao mesmo tempo. Ficar sobre um só pé, para ela é impossível. Há descontinuidade nos gestos, imprecisão de movimentos nos braços e pernas, os movimentos finos dos dedos não são realizados e, num dado ritmo, não podem ser reproduzidos através de atos coordenados, nem por imitação.

  • Sintaxe - Parte da gramática que estuda a disposição das palavras na frase e a das frases no discurso , bem como a relação lógica das frases entre si e a correta construção gramatical ; construção gramatical (Dicionário Aurélio)

  • Sinergia - Atuação coordenada ou harmoniosa de sistemas ou de estruturas neurológicas de comportamento.

  • Somestésico - Relativo à sensibilidade do corpo.

Referências:

FONSECA, Vitor - Escola. Quem és tu? Porto Alegre: Artes Médicas, 1993.

ASSUNÇÃO, Elisabete da. COELHO, Maria Teresa. Problemas de aprendizagem. São Paulo, SP: Editora Ática, 2002.